11 de nov. de 2015

MÚSICA | Entrevista com o cantor João Guarizo

Olá pessoal, essa é uma entrevista que o cantor, compositor e perseguidor de pombas João Guarizo me concedeu ano passado. Originalmente publicada em outro portal mas que, agora, trago a vocês leitores do Perdi A Chave. O Cd já fora lançado mas vale a pena ler e reler o que esse dinâmico e divertido músico tem a dizer sobre a sua carreira e essa nova geração de músicos brasileiros que se encontram por internet e financiamentos coletivos. 

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Eu: No vídeo do Catarse você nos conta como começou sua carreira. História semelhante à de muitos jovens que começaram em rodas de amigos e violão e que, com o tempo, vão parar nos palcos do Brasil afora. Como foi esse inicio e como foi essa transição de farra à carreira?

João Guarizo: Comecei a tocar violão com 15 anos de idade, na época fazia aulas com meu cunhado e também ouvia muito o Dani Black tocar. Somos amigos de infância e ele tocava desde os 6 anos já. Ai sempre pedia dicas pra ele. Em 2006/2007 conheci a Maria Gadú e o Toni Ferreira e na época queria ser jogador de tênis, mas como eu andava sempre machucado, de manha eu ia pra fisioterapia e a tarde pra casa deles fazer um som. Ai a musica falou mais alto, depois de um tempo nessa escolhi abandonar o tênis. Logo depois decidi fazer cursinho e encarar o vestibular. Fui fazer Produção Cultural na UFF e, naquela época, o Toni e a Maria foram morar no Rio também, ai comecei a conhecer os amigos deles e frequentar diversos saraus. Até ai era tudo diversão e não estava focado na carreira de artista, até que me chamaram pra gravar o CD/DVD  “Sarau – Novos Talentos da MPB. Depois dessa experiência vi que a coisa estava, realmente, ficando mais “profissional” e decidi largar a faculdade pra focar na música.


Eu: O humor é muito forte em suas composições (a hostilizada Pomba que o diga), mas não é só de graça que suas músicas nos tocam. Há a ácida “Because Ousa”, a doce “Meus amigos” e a “Saber De Uma Alma” interpretada lindamente por Toni Ferreira. Como é o João Guarizo compositor? De que forma o escrever se faz presente em sua vida?

JG: Pois é, acho que a música é uma ferramenta muito poderosa e versátil. Pode ser usada de muitas formas e maneiras. Uso ela pra brincar, pra falar dos sentimentos,  da alma, da pomba,  de relacionamentos, do que vier na cabeça e  do que der vontade. Pra mim não tem nenhum limite e nenhuma regra.  

Eu: Quais são suas principais influências na música?

JG: Minhas maiores influencias foram meus amigos (Dani Black, Maria Gadú, Paulo Novaes, Toni Ferreira, Leandro Léo, Bianca Godói, Bolinho, Pedro Altério, Pedro Viafora, Bruno Piazza, Fred Sommer, Gugu Peixoto e a lista segue com muita gente.). Aprendi muito com eles.  Eu sempre fui muito curioso e observador, então sempre perguntava como fazer uma batida ou acorde. Certamente eles foram os que mais me influenciaram. Claro que os grandes nomes também me influenciaram mas eles não estavam tão presentes em minha vida. Sou fã de Raul Seixas, Zeca Baleiro, Lenine,  Mulheres Negras, Mauricio Pereira, Bob McFerrin, Mamonas Assassinas, Adoniram Barbosa... 




Eu: O financiamento coletivo é uma prática cada vez mais adotada por artistas independentes e, claramente, há um cenário musical da nova geração de MPB que se mostra e interagem por ali. Você, por exemplo, teve a colaboração de diversos artistas como Gugu Peixoto, Toni Ferreira, Leandro Léo, Tais Alvarenga e muitos outros em suas campanhas.  Como você vê essa nova geração da MPB e esse movimento internáutico que os une e os aproxima do público? 

JG: Acho que é fundamental esse movimento de apoio entre os artistas. Ficar navegando sozinho vira quase um suicídio. O legal dessa pratica é que vamos trocando muitas “figurinhas”. As vezes um fã do seu amigo acaba virando seu fã por essas indicações e vice-versa. Penso que é essencial esse tipo de prática. Hoje temos muito material na internet e fica difícil ter um filtro eficiente de conteúdo. Agora quando um musico indica algo, aquele fã sente que aquela indicação tem um certo tipo de “credibilidade”. 

Eu: Por falar em financiamento coletivo, o “Na vida anterior” foi um projeto muito bem sucedido no Catarse. Conte-nos como foi sua experiência.

JG: O “Na Vida Anterior” é um projeto que venho trabalhando desde o término das gravações do CD/DVD “Sarau – Novos talentos da MPB”.  A campanha para o Catarse foi pensada 6 meses antes de iniciar o processo de financiamento coletivo. Acho que o sucesso veio exatamente desse planejamento. Pesquisei muito sobre todo o processo de crowdfunding para poder fazer uma campanha criativa e eficiente. Além disso o processo exige muito trabalho e dedicação durante a campanha, lembro de ficar vários dias em frente do computador divulgando e divulgando. Não é fácil, mas vale o esforço. 

Eu: E sobre seu “filho”,o que podemos esperar desse álbum? Fale-nos sobre o projeto.


JG: O “Na Vida Anterior” é meu primeiro álbum autoral e vai contar com algumas parcerias também (Dani Black, Luiz Murá, Paulo Novaes, Barbara Rodrix, Demetrius Lulo). O álbum é apenas uma parte do projeto “Na Vida Anterior”. Esse disco pretende apresentar o universo dos personagens através das canções e das ilustrações do encarte para, futuramente, entrarmos de cabeça na história do “Na Vida Anterior”. Se eu falar mais vou estragar a surpresa. rsrsrs. O lançamento está previsto para março de 2015 e o show de lançamento para abril de 2015. 

Eu: Deixe um recado para os fãs e leitores do Perdi a Chave que, assim como você, pretendem se lançar na carreira independente e que conta com a internet como uma grande aliada. 

JG: A minha primeira dica é “fazer”. Produza conteúdo. Faça vídeos, musicas, fotos, e tudo que for pertinente para sua carreira. Só assim as pessoas vão ter acesso a sua arte.
A segunda, “mostre”. Divulgue na internet. Não espere que as pessoas compartilhem seu vídeo do nada. Você tem que dar um jeito das pessoas conhecerem seu trabalho. invista tempo e dinheiro nas redes sociais. Afinal esse é seu trabalho, você tem que investir nele.
A ultima, ‘trabalhe e tenha soluções criativas”. Hoje a vida de musico independente não é só tocar. Hoje temos que ser musico, produtor executivo, hold, fotografo, design gráfico, roteirista, e tudo mais que não podemos pagar para terceiros fazer. Tenha soluções criativas para seus problemas, use sua criatividade de musico para resolver e achar soluções.   





Eu: A música já faz parte de sua vida há anos, mas e o futuro? Quais são os planos e caminhos que pretende trilhar?

JG: Bom, ano que vem espero lançar o “Na Vida Anterior” e fazer muitos shows do disco. É hora de colher o que foi plantado. Também vou lançar outros produtos para o universo do “Na Vida Anterior”(aqueles que não pude falar na outra pergunta.rsrs). Fora isso continuo com meu trabalho de trilhas e meu show duo com o Toni Ferreira.  Meu futuro se resumi até aqui. Vamos ver o que vai rolar com esse disco. 


Parceria com Toni Ferreira
"Ahhhh....
Eu fui lá vender a minha alma que já está coberta pela paz"




"Olhe pro seu amigo, do seu lado esquerdo
E fale para ele, do fundo do peito
O quanto ama ele e o quanto vai mudar
Se um dia desses, ele te abandonar"



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Publicado originalmente: AODC Notícias